quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O PROVIDENCIALISMO BÍBLICO

O PROVIDENCIALISMO BÍBLICO Autor: Charles Odevan Xavier “Todos esses seres esperam de vós que lhes deis de comer em seu tempo” Sal 103, 27 Este artigo é uma tentativa de reflexão sobre o conceito de providencialismo bíblico. E para tanto, cabe checar no Dicionário Aurélio, o que o mesmo diz sobre o vocábulo ‘providência’: “1. A suprema sabedoria com que Deus conduz todas as coisas.”. Também é interessante checar a definição de ‘providencialismo’: “ Doutrina filosófica que atribui tudo à ação da providência divina.” Partindo dessas premissas lexicográficas, cabe indagar: qual a implicação do conceito de providência para o entendimento de um conceito pressuposto: a natureza de Deus? Sim! Porque se a frase diz que Deus conduz com sabedoria […] O verbo ‘conduzir’ implica numa noção pessoal e intervencionista de Deus, ou numa expressão: um Deus teísta. A cristandade sempre “vestiu” Deus com trajes teístas. E assim, teremos inúmeras passagens em que vemos um Jeovah diretamente afetado por seu suposto povo eleito. Desse modo, O Deus pessoal de Moisés se irrita com a murmuração de seu povo, que não aprecia o sabor do “maná” vindo dos céus para saciar sua fome. E se um Deus se irrita, é lógico que a Bíblia lida com um conceito de pessoa, ainda que a cristandade pós-mosaica tenha “trinitarizado” esta pessoa, que antes, no mosaísmo, era “unitária”. E quais as implicações teológicas do teísmo judaico-cristão? O teísmo concebe Deus como um criador extremamente interessado em sua suposta criação: o universo. Ao contrário do Deísmo de Voltaire e dos Iluministas – o qual concebia o universo criado como um dispositivo automático e auto-regulado por um Deus relojoeiro desinteressado com a criação e, portanto, distante dela – o Teísmo supõe um Deus mecânico, na metáfora do cristão Isaac Newton, constantemente intervindo em sua criação. Enquanto no Deísmo não faz sentido o hábito da prece, partindo do pressuposto de que o Criador teria se ausentado do universo após o ato criador e, portanto, sem poder mudar as leis regulares com que o criou. No teísmo, por sua vez, faz todo sentido a evocação de um suposto criador através do hábito da prece: pois Deus não só intervêm no universo, como pode anular suas leis – vide o episódio do mar vermelho anulando a lei da gravidade e do volume. E cabe perguntar: por que existe prece? Porque existe quem ofereça preces, ou seja, o homem. Então para não ficar pensando apenas na perspectiva do “criador”, que tal analisar a perspectiva da suposta criatura? Enquanto o Ocidente concebe Deus como metáforas da mesopotâmia: Rei dos reis, senhor dos exércitos; por sua vez o mesmo Ocidente concebe a “criatura” como tendo sido feita de barro. E, é na metáfora do artefato, que o homem ocidental se vê. Assim faz todo um sentido um Deus “criador” que moldou o homem do barro e o universo do átomo. E para tanto faz todo sentido também o conceito de providência, pois se o homem é o artefato e Deus é o artífice, geralmente os artistas têm zelo com suas esculturas. Mestrando em Letras pela UFC charlesodevan@gmail.com

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