sexta-feira, 30 de maio de 2014

ACERVO DE AFRO-RELIGIOSIDADE DA OBALUAYÊ - CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENT...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

CAMPANHA FINANCEIRA PARA CONSTRUÇÃO DO MAIOR ACERVO EM AFRICANIDADES E DIÁSPORA NEGRA DO ESTADO DO CEARÁ

O OBALUAYÊ- CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO LTDA. É uma instituição educacional e filantrópica de direito privado que luta contra a periferização das negras e dos negros e luta contra a subalternização do chamado povo de terreiros. Com tal missão geral o OCPD visa levantar fundos para construção e instalação na Regional III da periferia de Fortaleza do maior acervo bibliográfico impresso sobre africanidades, afro-religiosidades e diáspora negra. Com um olho no empoderamento d a sofrida população negra do País e outro no paradigma do multi-culturalismo, o OCPD pretende também desenvolver pesquisas bibliográficas e de campo de feição qualitativa e quantitativa com duas temáticas temporárias. Sendo elas: A RELIGIOSIDADE QUILOMBOLA DO ESTADO DO CEARÁ E DO BARÁ DO MERCADO AO REFÚGIO SAGRADO: A ECONOMIA DO AXÉ NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA. Posto de coleta de livros: na sede provisória da OCPD à Rua Des. Felix Candido, 888 João XXIII Fortaleza – CE 60520-350. Informações com Prof. Charles Odevan Xavier (85)86057751

quinta-feira, 1 de maio de 2014

OS PACTOS DE DILMA ROUSSEFF NO 1º DE MAIO DE 2014

Esse texto escrito no calor da hora surge no confronto com as imagens edulcoradas da Excelentíssima Presidenta Dilma Rousseff hoje no Youtube.com no portal da NBR. O tema era o 1º de maio. Ela falou por 11 minutos numa ótica dicção e talvez sem olhar muito pro teleprompter um discurso aos trabalhadores e trabalhadoras da Reública do Brasil. Ela mencionou vários pactos. E o que pude entender é que nisso há uma alusão ao Contrato Social de Rousseau. O pacto com a educação. O pacto com a saúde. O pacto com a energia. O pacto com os militantes das mobilizações conhecidas como Jornadas de Junho de 2013. Vamos ver se ela, vai ser a primeira a cumprir esses pactos. E que nos espere outubro de 2014.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

ESBOÇO COMPARATIVO ENTRE O CONCEITO DE TEMPO CATÓLICO E O CONCEITO DE TEMPORALIDADES AFRICANAS

ESBOÇO COMPARATIVO ENTRE O CONCEITO DE TEMPO CATÓLICO E O CONCEITO DE TEMPORALIDADES AFRICANAS Este esboço surge no calor do momento como indica o multiplicador semântico e categoria filosófica e vocábulo em língua portuguesa: tempo. E é no compasso de uma sonata roqueira que escrevo essas mal traçadas linhas no intuito de flagrar a efemeridade da Abertura da Conferência dos Bispos do Brasil. Inicialmente devo informar ao leitor que não consegui as referências bibliográficas do catecismo SOU CATÓLICO escrito pela CNBB e que minha sobrinha de 13 anos recebeu de presente num amigo secreto do grupo de crisma dela. Este documento eu li. Aliás, devorei. Fiz anotações com lápis e para meu aborrecimento não estou encontrando no momento. Fizeram uma arrumação não autorizada por mim no meu quarto e reviraram todos os livros e os jogaram como trecos num canto úmido. Assim, eu perderia um tempo enorme procurando este documento nas centenas de livros que tenho. Desse modo, anuncio ao leitor que os conceitos de tempo por mim evocados nas duas sociabilidades religiosas o serão por absoluta memória fotográfica. Vamos a e eles. O Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano da Martins Fontes editora registra o verbete tempo. O que revela que este calhamaçudo dicionário não desprezou a preocupação da filosofia ocidental com a categoria tempo. Uma categoria complexa e de vários domínios da ciência. A saber: história, física, matemática, gramática, geologia, astronomia. E como tal não poderia deixar de ficar de fora o tempo teológico. Ou para não sermos devocionais, o tempo na ciência da religião. O tempo é uma preocupação do ser humano. Aliás, parece ser o único ser vivo que se preocupa com o tempo. Mas isso exigiria um conhecimento de biologia e zoologia que foge a minha modesta bagagem e ao meu modesto lattes. O homem tem consciência do tempo e do seu fim. E do aparente escorrer do tempo. Como não li Henri Bergson com profundidade não ensaio falar muito sobre duração. O tempo preocupou a escolástica medieval e curiosos são os circunlóquios de Agostinho de Hipona sobre o tempo. Merece ser consultado. Mas como é o tempo católico? A questão é complexa porque não existe católico no singular, mas católicos no plural. Assim Teologia da Libertação e movimento revivalista Renovação Carismática Católica são experiências diversas e plurais da mesma Igreja vivenciar o tempo. Só para ficar nesses dois exemplos mais extremistas. O que pude aprender sobre o tempo com o catecismo da minha sobrinha de 13 anos? Várias coisas. Há um calendário católico que no Brasil devido as relações estranhas entre estado e clero se confunde com o calendário secular de feriados. Assim, existe ritos temporais bem marcados no catolicismo. O batismo do nenê é um deles. Enquanto nas igrejas evangélicas o batismo é feito na idade adulta. Muda a sociabilidade religiosa, mudam-se os ritos temporais. A confirmação com a crisma é outro momento. Minha sobrinha passou pela 1ª comunhão. Enquanto eu na adolescência obrigado a frequentar a igreja católica respondi tudo errado na sabatina da irmã antipática na minha confirmação para a 1ª comunhão e por isso fui reprovado. Irritado, pois não me ensinaram na época a fichar versículos de Bíblia Sagrada, eu resolvi mandar a Igreja Católlica para puta que pariu! E rompi com a sociabilidade católica aos 12 anos. Justamente na época das Diretas Já! Que se refletiu no meu bairro. Eu que frequentava uma escola burguesa do centro da cidade na época: O Colégio Positivo. Foi nessa época que pus meus dedos num teclado de computador pela primeira vez na vida. Não graças a multinacional do Vaticano que não oferecia computadores na época para a paróquia do meu bairro. Mas sim graças ao colégio burguês que tinha uns computadores TDK horríveis. Foi nessa época que minha mente ficou cibernética mesmo sem ter lido Abraham Molles, que eu com 12 anos de idade com certeza não entenderia nada mesmo, mas ficaria com a pulga atrás da orelha caso tivesse tido acesso e resolvesse ler até o fim. Só pensava em games. Em criar softwares para videogames e as pessoas achavam meu papo chato. Até pelo fato de que eu ainda não tinha topado com o vocábulo anglo-saxônico software. E em politicamente eu tinha ideias direitistas mal-digeridas. Como uma vez ficou boquiaberto o meu professor de educação artística Pingo de Fortaleza. Assim, para encerrar essa parte autobiográfica eu digo que nunca passei pelo rito de pôr a hóstia na língua, para ver se sentiria o corpo de Cristo. E quando o fiz uma vez dentro de um hospital psiquiátrico não sabia que era um ato sacrílego. Fiz o meu sacrilégio em 1993. E minha vida continuou como se nada tivesse acontecido, afinal apenas ingeri farinha de trigo e um pouco de água. Mas voltando a falar do calendário católico outro rito temporal é o matrimônio. Onde um casal heterossexual jura perante o altar de frente para o público a partir do Concílio Vaticano II que serão fiéis até que o Deus pai de Moisés os separe. Outro rito temporal do calendário católico é a extrema-unção. Onde o padre confirma o sacramento legitimando o moribundo para a vida eterna. Assim falei dos quatro períodos da vida de um ser humano que a Igreja Católica está presente: o nascimento para a comunidade de fiéis na infância quando bebê inconsciente; a 1ª comunhão na adolescência quando o fiel penetrará no suposto doce mistério de ingerir Jesus Cristo. Sacramento esse ausente nas Igrejas Evangélicas ou Reformadas. O casamento ou sacramento do matrimônio e o último sacramento a extrema-unção. E como seria isso comparado às temporalidades africanas? Foi conveniente, da minha parte, referenciar como temporalidades africanas e não como conceito de tempo africano. Como pensava inicialmente ao pesquisar o assunto... Existem temporalidades no continente africanas diversas. Assim, o calendário dos povos africanos católicos nem sempre coincidem com o calendário dos africanos islâmicos. E se eu for para o universo que realmente me interessa; a saber: as religiões tradicionais africanas. Isto daqui não seria um esboço e sim uma tese de doutorado. O batismo na temporalidade africana ioruba se dá logo na infância e lá o interesse nele é para saber o odu do indivíduo. E também para saber se a criança é um abiku. Assim, o pai e a mãe pegarão o bebê e irão no babalaô da aldeia para ele jogar os búzios e confirmar as duas coisas: odu e abiku ou não. Deste modo, a diferença já começa daí. Enquanto no catolicismo o batismo é um sacramento para confirmar aquela criança no Reino de Deus. Na cultura ioruba o objetivo é outro. É apresentar a criança aos seus ancestrais. Já que o conceito de odu é uma espiada no passado daquela criança. Enquanto no catolicismo existe todo uma expectativa pelo futuro, por ser uma religião de salvação. Conceito este (salvação) inexistente na cultura ioruba. Outro rito temporal importante na cultura ioruba é a iniciação, quando o indivíduo confirmará seu olori. Tornando-se esposa dele. Ou seja, yaô. Ou quando confirmará sua filiação ao orixá do vilarejo. Nem todos querem se iniciar, pois ser esposa pressupõe muitas responsabilidades. Como fazer oferendas para o olori. Outro rito temporal importante é o axexê quando a pessoa morre. Para que a alma do defunto descanse e não venha se encostar nos membros da família que ficou. Gente. Isso foi um esboço. Quando tiver tempo eu aprofundo e edito o texto. Obrigado. Professor, palestrante, consultor e africanista.

terça-feira, 29 de abril de 2014

O USO POLÍTICO E MERCADOLÓGICO DAS CONCESSÕES DE TV PARA EVANGÉLICOS E CATÓLICOS

Galera, eu dei uma paradinha de 30 minutos do mundo online para ficar offline um pouquinho deitado na minha rede depois de um dia e uma noite cheia de trabalho e um estopim de criatividade. Como sou um workhoolic inveterado eu voltei a sair da rede e abrir a tv aberta para ver as novidades. E zappeando vi uma entrevista muito interessante no Programa do Edson Silva da TV DiÀRIO aqui de Fortaleza com um especialista. Como peguei o bonde andando não sei o nome do cara nem a especialidade dele. Mas ele falava em violência urbana e crise civilizacional em pleno programa policial. e é que a TV DIÀRIO, tirando o Programa DIÀRIO DE CINEMA aos sábados de madrugada, só passa besteira e forró eletrôniico. E tem até o Programa daquele imbecil do Ely Aguiar que defende a pena de morte e a redução da maioridade penal. Mas enfim, voltando a entrevista do especialista que infelizmente não sei quem é. Eu sou vi e ouvi um fragmento, mas ouvi o fragmento até o fim. E achei muito chique para um programa como do Edson Silva. E aí zappeando pela programação da tv aberta (que não tenho dinheiro nem necessidade de ter tv paga) resolvi dar uma espiada no segmento de emissoras pertencentes ao segmento que o IBGE chamado genericamente de evangélicos. Ou seria de telepastores para ser menos complacente? No canal adventista. Os caras debatiam sobre a ameaça dos imperadores pagãos ao cristianismo. Ou seja, esses caras continuam enxergando inimigos até dentro da gavetas do armário. Assim, este negócio de estar sempre evocando o Anti-Cristo parece muito receio de quem quer outro tirano na Terra: que se chama Jesus Cristo. De outro modo digo, é aquela velha estória da teoria da conspiração. Bem coisa de americano mesmo, que o que financiou a expansão dessa gente aqui no Brasil. Ou será que o versículo que diz que todo joelho se curvará a Cristo e toda garganta confessará seu nome na face da Terra não confirma o que digo? Mais autoritário impossível. Logo eu que detesto me ajoelhar. No canal da Assembleia de Deus uma pregadora dessas do estilo teologia da prosperidade com cartão de crédito visa pregava sore o perdão. Achei a atuação dela muito afetada. Tinha até os gritinhos do aleluia! Ou seja, galera para resumir. Só no Brasil que o estado burguês dá concessão pública paga com dinheiro público para emissoras de tv fazerem proselitismo. Assim, quem não é cristão e paga impostos financia concessões de tv para a máfia evangélica e católica. Ou seja, o tal do estado laico burguês é uma piada de mau gosto.

sábado, 8 de março de 2014

CRÍTICA DO HISTORIADOR FRANCISCO MARTINS AO LIVRO 'SEM MUTHEMBA'

Resenha do livro Sem Muthemba: usos políticos dos cultos afros e outros ensaios O presente livro é uma miscelânea de ensaios produzidos entre os anos de 2002 e 2013 por Charles Odevan Xavier, um estudioso dos fenômenos religiosos afro-brasileiros. O autor busca, sobretudo, como seu leitor, provavelmente, aquele surgido a partir de 2003 com o advento da Lei 10.639 e sua respectiva correção com a Lei 11.645 de 2008. Essas Leis estipulam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Promoção da Igualdade Racial e instituem o ensino obrigatório de História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas nas escolas de ensino básico do Brasil (públicas e privadas). Esse é o grande objetivo do autor, ou seja, alcançar esse público. Na verdade esse objetivo é um óbice para quem quer alcançar leitores e divulgar suas ideias, pois esse público não é acostumado à leitura de uma abordagem do estudo de História e da Cultura Africana e Afro-brasileira, na perspectiva dos conhecimentos e dos saberes africanos produzidos no continente africano e nas suas diásporas, significa abdicar das abordagens que buscam compreender os negros africanos e seus descendentes espalhados pelas diversas partes do planeta, como mero objeto de estudo com base em uma matriz teórica e metodológica de base ocidental e eurocêntrica; e, reivindicar um tratamento onde estes sejam compreendidos como sujeitos de um movimento global de deslocamento de saberes, culturas e histórias; na qualidade de sujeitos históricos, providos de identidade e titulares de um discurso forjado no âmbito da diáspora. (PAULA, Benajmim Xavier. Os Estudos Africanos no Contexto das Diásporas – In: Revista da ABPN, v. 5n. 11- jul. – out. 2013, p. 131-148 e nota 1 do livro ora resenhado). Ora, como o Ceará conta hoje com uma universidade (UNILAB) voltada para a lusofonia e afro-brasilidade, esse é um livro importante, não só, para a escola de ensino básico, mas também para os ciclos iniciais da universidade, por conter ensaios, sobretudo, levando em conta os cultos e religiões afro-brasileiras e das culturas afro-brasileiras. Ao abordar as afro-religiosidades da diáspora negra no Brasil, o autor procurou analisa-las inicialmente a partir do estudo feito ao longo de seis anos, usando o acervo da Biblioteca da Cabana Luz do Congo (p. 25 – 46). A seguir, ele faz um estudo da importância da Muthemba, onde é feito um levantamento histórico do momento em que a Muthemba deixou de ser praticada no Brasil ao proporcionar todo um processo de aculturação do povo negro, que resultou em práticas diluídas de afro-religiosidades. Essas práticas “seriam muitas e, na maioria dos casos, intercambiáveis entre si.. Desse modo, teríamos as religiões negras do Maranhão: terecô, babaçuêra, tambor de mina, encantaria. No restante do nordeste teríamos: o catimbó no Ceará eno Rio Grande do Norte; a jurema ou juremeiro na zona rural da maioria dos estados nordestinos; os candomblés baianos, o xangô pernambucano. No sudeste teríamos a macumba e a umbanda. E no sul teríamos o batuque gaúcho”. (Cf. nota 7, do livro ora resenhado).O autor discorre acerca das dificuldades dos próprios praticantes dessas afro-religiosidades em identificarem seus cânones, se é que existem, e usarem várias práticas desses cultos concomitantemente. Os praticantes, com raras exceções procuram ler sobre seus cultos, embora muitas vezes tenhamos presença de pessoas de classe média e com formação de nível médio e superior entre seus praticantes. Em seus estudos e pesquisas na Biblioteca supra citada, o que o autor pensava ser a “doutrina” da umbanda canonizada, tratava-se da doutrina de uma umbanda embranquecida. E sobre o Cânon, propriamente dito, seria mais de fundo literário do que propriamente teológico. Entretanto, o estudo, a pesquisa e a convivência com os membros da “Cabana Luz do Congo” e sua Biblioteca o ajudaram a perceber que tinha uma visão muito preconcebida do que era religião legitimamente negra. Isso o levou a buscar novos estudos e bibliografias e com a ajuda do historiador Wilson do Nascimento Barbosa, de Reginaldo Prandi, Nei Lopes, Cândido Emanuel Felix, Manoel Lopes, W. W. da Matta e Silva, Rivas Neto, Rubens Sarraceni e da coleção sobre estudos da África da UNESCO, levou-o a compreender e aceitar as influências afro descendentes, indígenas, católicas, judaicas, ciganas, islâmicas, kardecistas, rosa-cruzes, maçônicas e teosóficas sobre as religiões afro descendentes no Brasil. Seguindo fortemente esse diálogo crítico com várias fontes bibliográficas, acrescidas com a obra África de Geoffrey Parrinder e a tese de doutorado de ValdeliCarvalho da Costa de perspectiva católica, um artigo do historiador negro Wilson do Nascimento Barbosa. Esse historiador será de suma importância para a compreensão das religiões afro descendentes. Aqui é feita uma análise de como eram tratadas as religiões afro-brasileiras pela repressão policial a mando de políticos que, muitas vezes eram clientes e aconselhados em muitas de suas decisões por pais e mães de santo e seus orixás e jogavam as cartas do tarô a fim de tomarem decisões políticas importantes. Prosseguindo com seus ensaios, o autor faz uma inserção nas várias concepções de Deus do ponto de vista filosófico. Em sua abordagem ele faz uso dos estudos de Allan W. Watts, Joseph Campbell, MirceaEliade, Karen Armstrong, Sigmund Freud, Theodor Adorno, Max Horkheimer, Gianni Vattimo, Mikhail Bakunin, Richard Dawkins, Michel Onfray, Robert Solomon e uma magnífica perspectiva de Deus no Teísmo Nagô-Iorubano do sul da Nigéria. O Iorubá é um território etnolinguístico que atravessa quatro países da África Ocidental: Nigéria, Benin, Gana e Togo. A religião Nagô-Iorubana é uma monolatria, onde o Deus Supremo pode coexistir com deuses ou deidades menores. Continuando seus ensaios, o autor muda o rumo da prosa, voltando-se nos próximos três ensaios para as questões culturais da afro-brasilidade abordadas preferencialmente na música popular brasileira, tendo como referências Dorival Caymmi e as temáticas dos pescadores e das religiões afro-brasileiras baianas, os Vissungos e Clementina de Jesus e o samba de Roberto Silva. Dá sequência com uma abordagem sócio-política com a “Carta do Povo de Terreiros à Dilma Candidata”. Enfim trata da questão do destino na Ciência, na Cultura Iorubá e na Astrologia. Os seis últimos ensaios tratam da Etnografia de uma sala de bate-papo, das Estratégias de legitimação em livros de Umbanda, dos Tarôs de Orixá no mundo editorial brasileiro, dos Negros no Ceará, da Negritude e Homo afetividade e da África em quadrinhos por um branco estadunidense. Porisso, posso dizer que esse é um livro para ser lido não só por afro-descendentes, mas por todos aqueles que têm interesse em conhecer nosso povo brasileiro descendentes de Africanos como a maioria de nós. Espero que Charles Odevan Xavier continue a aprofundar seus estudos e pesquisas sobre os ensaios desse livro, transformando-os em novos livros. Francisco MARTINS de Sousa, Professor Titular aposentado de História e Física da UECE

sábado, 11 de janeiro de 2014

INTRODUÇÃO E SUMÁRIO DO LIVRO 'SEM MUTHEMBA' DE MINHA AUTORIA PARA DOWNLOAD

INTRODUÇÃO “O artista ao produzir um quadro cria um público seleto para olhá-lo!” Karl Marx O livro que o leitor tem em mãos (Sem muthemba: usos políticos dos cultos afros e outros ensaios) não é, a rigor, uma dissertação de mestrado e nem uma tese de doutorado. Também não tem a frivolidade dos livros de crônicas. Trata-se, na verdade, de uma miscelânea de ensaios produzidos entre os anos de 2002 a 2013. Desse modo, é com a intenção de ter produzido um texto acessível, mas sem ser superficial que ora entrego a obra para o deleite ou execração do público leitor. O leitor que tenho em mente – como sugere a epígrafe de Karl Marx – é aquele leitor provável criado a partir de 2003 com o advento da Lei 10.639 e sua respectiva correção com a Lei 11.645 de 2008. Ambas as leis estipulam Diretrizes Curriculares Nacionais para a Promoção da Igualdade Racial e instituem o ensino obrigatório de História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas nas escolas da rede básica do país (públicas e privadas). E de quem se trata esse leitor presumível? Imagina-se que com a implementação de uma lei que estimule os chamados african studies , que quando aparece um livro como Sem muthemba (o qual se define como uma obra de african studies) o mesmo irá atrair inicialmente a atenção de negros ou pardos. Entretanto, recentes pesquisas do IBGE revelam que apesar de uma suposta ascensão das chamadas classes D e E ao patamar de classe média, devido ao já retórico recurso das políticas públicas de redistribuição de renda da chamada era PT (coisa da qual não acredito piamente) O que se sabe e se presume pelas estatísticas recentes é que o público negro e pardo é um público de baixa renda e de baixa escolaridade. Assim, imagina-se que boa parte do público negro e pardo não seja exatamente um público leitor. E, quanto à menor parte, do público negro e pardo? De quem se trata? Imagina-se que este livro irá interessar primeiramente aquele negro e/ou pardo minimamente escolarizado que possui acesso a internet e que é envolvido de alguma maneira com o problema racial ainda, infelizmente, existente no Brasil. Desse modo, imagino o livro sendo consumido por militantes negros e pardos em primeiro lugar. Secundariamente o livro poderá interessar aos formadores de opinião do país que se interessam pela questão racial; a saber: jornalistas, historiadores, lingüistas, musicólogos, antropólogos, cientistas da religião, teólogos, folcloristas, críticos literários, entre outros, independente de sua cor de pele. Por que escrevi este livro? Bem. Já disse para quem presumivelmente escrevi o livro, mas não revelei inteiramente o propósito do mesmo. Então imagino que Sem Muthemba vem cobrir uma lacuna no mercado editorial de e-books do país da seguinte forma: a maioria dos livros surgidos com a implementação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 sejam de livros infanto-juvenis produzindo racontos baseados na riquíssima mitologia africana ou livros acadêmicos sisudos feitos para especialistas. Sem Muthemba pretende ser uma obra com a singularidade de ter sido escrito por um branco com traços negróides mestiçado com uma possível origem semítica ; homoafetivo assumido e militante e anticapitalista radical. Assim, escrevi a obra para dar conta de uma possível lacuna editorial a ser preenchida por um livro em que sinceridade e ousadia intelectual estão combinadas. O leitor já deve estar ansioso para saber: e quanto ao estranho título? Do que se trata? Muthemba refere-se, segundo o historiador negro Wilson do Nascimento Barbosa, a cerimônias onde ocorria o chamado retorno pela qual o consulente ou praticante dos tempos da escravidão era induzido ou “levado de volta” até sua terra original, logrando “ver” sua aldeia ou território ou agregado africano do qual descendia através de toda uma liturgia específica e do consumo de beberagens ou inalantes psicoativos. Assim, resolvi colocar como título o sintagma nominal: ‘sem’+’muthemba’ para sinalizar a historicidade da muthemba. Ou dito de outro modo, desejo enfatizar para o leitor lusófono que na diáspora negra brasileira não se recorre mais à muthemba. E sugerir pelo subtítulo do livro: ‘ usos políticos dos cultos afros’ as implicações políticas da privação sinalizada pela preposição ‘sem’. Que crenças silenciosas estão latentes no título e subtítulo da obra? Pretendo fazer o leitor chegar ao ponto de perceber que entre a África negra original e a chegada compulsória de seus habitantes, pelo tráfico de escravos atlântico, muita coisa se modificou ou foi re-inventada com o passar do tempo. Assim, pode-se pensar que se no início da colonização portuguesa no Brasil os negros cativos para aqui trazidos, embora tivessem sido batizados com nomes portugueses e brancos, eles tentaram manter muito de suas crenças e costumes religiosos. O livro Sem Muthemba trata basicamente do que a bibliografia chamou de afro-religiosidades diaspóricas mas concentra-se, sobretudo, nas observações de campo do autor no que muitos chamam de umbanda cearense . Como se vê no ensaio Divagações sobre o Corpora Umbandista que foi o primeiro a ser escrito em 2002 e re-escrito agora em 2014 e que se refere às minhas vivências no terreiro: Cabana Luz do Congo . O terreiro acima citado é que bem dizer gerou este livro. Tudo começou ali. E o que tinha de tão especial neste terreiro? Simples: uma enorme biblioteca. Fiz amizade com o ogã do terreiro (o Seu Júlio, filho do pai de santo da casa e dono do acervo bibliográfico). E passei de 2002 a 2008 consumindo todo o acervo da biblioteca da casa que se refere às afro-religiosidades . Tive uma convivência bastante agradável com Seu Júlio que soube me acolher em seu terreiro e destrancou a biblioteca para mim. Contudo, o mesmo não posso dizer de outras pessoas do terreiro que pareciam ver com desconfiança um intelectual fazendo perguntas e muito ansioso por respostas verbais. Tive de aprender na marra que nas religiões afros nem tudo é permitido saber (PRANDI, 2005). Muita coisa se aprende com o tempo e com a convivência de forma lenta e gradual, como o orvalho que cai na terra durante a noite. E eu devo ter tido problemas com eles porque minha ansiedade parecia mais uma enchente de perguntas do que com o orvalho. No entanto, aprendi muito nesses anos de pesquisa e convivência. E ajudou a perceber que eu tinha uma visão muito preconcebida do que era religião legitimamente negra. E só com a ajuda anos depois do historiador Wilson do Nascimento Barbosa é que veria a compreender porque eu fui tratado com tanta hostilidade por parte de algumas pessoas naquele terreiro. Eu esperava uma negritude idealizada e o que vi lá foi uma negritude subalternizada. A negritude subalternizada é aquela onde a africanidade incomoda tanto, que se resolve internalizar o racismo por quem é negro, pardo ou branco; produzindo o branqueamento compulsório de uma religião que nos seus primórdios foi negra. Assim, eu ficava surpreso quando ouvia uma mãe de santo da casa dizer-se católica. Tinha uma visão intolerante e preconceituosa quanto ao sincretismo religioso. Hoje já não tenho mais. E também devo reconhecer que minhas inconveniências em campo foram talvez motivadas pelo fato de fazer etnografia sem ser, contudo, um etnógrafo profissional. Minha formação era em Letras e naquele ano de 2002 eu entrei no Mestrado em Literatura Brasileira da UFC. Assim não tive a formação necessária em antropologia. Eu era um antropólogo autodidata e o que é pior: sem orientador. Tive de começar a pesquisar sozinho e sem dinheiro para comprar livros, a depender apenas da intuição e dos livros da biblioteca do Centro de Humanidades da UFC – instituição da qual me desvinculei em 2005. Quando não pude pegar mais livros na Biblioteca da UFC, senti muitas dificuldades, mas logo consegui um emprego remunerado de professor no Projeto do Projovem. Dessa forma, consegui comprar livros mais atualizados e acadêmicos sobre a temática, já que os livros da Biblioteca do terreiro eram devocionais. . Contudo há na minha trajetória de intelectual um marco divisor. Trata-se do ano de 2009, quando comprei meu notebook e assim pude baixar centenas de textos de periódicos acadêmicos sobre africanidades e, assim como, pude contar com um editor de texto instalado que facilitou muito as pesquisas para que este livro ficasse pronto agora em 2014. Portanto, sem mais delongas! Convido ao leitor a mergulhar nas águas negras e barrentas deste livro. O sumário da obra ajudará o leitor a sair da costa dos escravos lá no Benin (ex-Daomé) e atravessar nos navios negreiros até chegar aos terreiros brasileiros. Boa leitura! Charles Odevan Xavier Fortaleza, janeiro de 2014. SUMÁRIO PÁGINA Dedicatória 02 Agradecimentos 03 Introdução 06 Divagações sobre o corpora umbandista 25 As implicações da muthemba 47 Concepção de Deus em Diversos Pontos de Vista Filosóficos 114 Dorival Caymmi e a afro-religiosidade 182 Os Vissungos, Clementina de Jesus e um pouco de Filologia Negra 209 O samba ‘macho-man’ de Roberto Silva 244 A Carta do Povo de Terreiros à Dilma Candidata 262 O Problema do Destino na Ciência, na Cultura Iorubá e na Astrologia 294 Etnografia da Sala de Bate-papo de Candomblé 361 Estratégias de legitimação em livros de umbanda 371 Os Tarôs de Orixá no Mercado Editorial Brasileiro 383 Negros no Ceará 401 O Exu de Alberto Mussa 412 Negritude e Homoafetividade no Romance O Trono da Rainha Jinga de Alberto Mussa 427 África em quadrinhos contada por um branco americano 454 Bibliografia 482