quarta-feira, 12 de abril de 2017

KARL MARX E O CONCEITO DE DINHEIRO

Este texto não é para um periódico acadêmico e nem tem o rigor de tal. Trata-se de um exercício em cima de alguns excertos extraídos da obra menos conhecida do filósofo e economista alemão Karl Marx. A obra trata-se de: MARX, Karl. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857 - 1858 : esboços de crítica da economia política - [ Supervisão editorial: Mário Duayer - Tradução: Mário Duayer, Nélio Schneider - Com a colaboração de Alice Helga Werner; Rodrigues Hoffman] - São Paulo: Boitempo, 2011. Este texto fará um cotejo com algumas asserções de Karl Marx no Capítulo do Dinheiro, onde o mesmo sinaliza os traços não-naturais do 'dinheiro'. Vamos a eles. "De uma figura de servo [o dinheiro], na qual se manifesta como simples meio de circulação, converteu-se repentinamente em Senhor e Deus no mundo da mercadorias." "[o dinheiro] representa a existência celeste das mercadorias, enquanto as mercadorias representam sua existência mundana". Em face do exposto, o pensador alemão parece ver no dinheiro sutilezas metafísicas. Tanto que Karl Marx elaborou uma sofisticada teoria do fetichismo da mercadoria. Em que o culto, o fetiche, a reverência é pela mercadoria. E como a forma-dinheiro também é uma mercadoria. Concluí-se que há um culto do dinheiro. "A avidez por dinheiro e a mania de enriquecimento são necessariamente o ocaso das antigas comunidades. Daí a oposição ao dinheiro. O próprio dinheiro é a comunidade, e não pode tolerar nenhuma superior a ele." Esse terceiro excerto confirma nossa hipótese do caráter teológico do dinheiro. Ou seria o Deus Dinheiro? Em nome do dinheiro ou o Deus Mammon, várias atrocidades começaram a ser produzidas pela chamada economia das armas de fogo a partir do Séc. XVI com o advento do capitalismo mercantilista e o ciclo das navegações. Povos tradicionais do continente africano e povos nativos das três Américas foram pisoteados, escravizados, espoliados e/ou explorados em nome do Progresso, da Lei e da Fé. A ciência e racionalidade se aliaram aos poderosos convocadas para legitimar o extermínio físico e/ou simbólico desses povos com teorias de desigualdade racial.